14 DE MARÇO
Júri do caso Pedro Caldas acontece nesta segunda-feira; “Esperamos um resultado justo”, diz pai do médico

Após 1.583 dias do atropelamento que, pouco mais de um mês depois, matou o médico e triatleta Pedro Caldas em Palmas, a ré Iolanda Costa Fregonesi, hoje com 25 anos, será julgada pelo Tribunal do Júri nesta segunda-feira, 14, no Fórum da Capital, às 8h20.
Neste domingo, 13, véspera do julgamento, a família de Pedro Caldas pede o último apoio à sociedade de Palmas. No Parque dos Povos Indígenas, os familiares promoveram um abraço simbólico ao médico.
O pai do médico, Luciano Caldas falou sobre a ação. “Estamos hoje aqui fazendo este evento de abraço simbólico ao Pedro Caldo, é um momento especial, tantos amigos querido e próximos, todos órfãos do dr. Pedro. Cada um trazendo uma história e um detalhe. Como é importante para nós família do Pedro, filhos do Pedro e irmão do Pedro. Estava conversando com um ciclista que fez o último treinamento com o Pedro. Ele estava de bicicleta e o Pedro correndo e ele foi a última pessoa com quem o Pedro conversou”, contou Luciano Caldas.

Esperando um julgamento “justo”, Luciano acrescentou. “Esse encontro está sendo emocionante. Agora nós vamos soltar os balões que vão chegar até o Pedro lá no céu levando a nossa mensagem de que amanhã, teremos um dia especial, onde o júri do Pedro Caldas e de Iolanda, uma jovem que estava dirigindo embriagada, alterada emocionalmente atropelou o meu filho. Espero que tenhamos um resultado justo. Estamos aqui todos torcendo pelo Pedro”, concluiu.

O caso
Sem habilitação, a acusada, embriagada conforme inquérito da Polícia Civil e a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), dirigia um Ford Fiesta quando atropelou Pedro Caldas e seu colega Moacir Naoyuk Itoum enquanto corriam na Marginal Leste. Moacir Itoum se recuperou do acidente, mas Pedro Caldas, atingindo diretamente, não.
Naquele domingo de manhã, ela se negou a fazer o teste do bafômetro, foi detida no momento, mas acabou liberada após pagar fiança de R$ 3 mil. Pedro Caldas, por sua vez, iniciava seu calvário mortal. Internado imediatamente após o socorro, permaneceu 34 dias em coma profundo lutando pela vida. A família, com todas as forças, não mediu recursos e pensamentos positivos durante a agônica espera por uma recuperação que nunca chegou. No dia 16 de dezembro chegou a pior das notícias: o médico morreu.
Com carreira de sucesso na Capital, Pedro Caldas era ginecologista e especializado em reprodução humana. Trabalhava, portanto, ajudando a tornar famílias felizes, contribuindo com a geração de vidas. Com a sua morte, foi a própria família que passou a sofrer uma dor sem cura. O médico deixou três filhos pequenos, esposa, vários outros parentes e muitos amigos.
Denúncia criminal e reincidência
A Polícia Civil indiciou Iolanda pela prática dos crimes de homicídio qualificado na direção de veículo automotor, tentativa de homicídio qualificado, embriaguez ao volante e por dirigir sem habilitação. Na Justiça, o MPE, que respaldou as conclusões da Polícia, acusa a jovem de homicídio qualificado, tentativa de homicídio em concurso formal, embriaguez ao volante e direção inabilitada.
O inquérito apontou, ainda, reincidência da acusada. Segunda Polícia Civil, em 2016 Iolanda Iolanda já havia se envolvido em um ocorrência de trânsito semelhante, com vítimas. Na ocasião, a então estudante conduzia um veículo Honda Civic e colidiu com um casal que trafegava em uma motocicleta, na Avenida Tocantins, trecho próximo ao Jardim Taquari, região Sul da Capital. De acordo com a Polícia, ela agiu de forma semelhante ao Pedro Caldas. Estava alterada e se recusou a fazer o teste do bafômetro. As vítimas estavam em uma motocicleta e tiveram fratura exposta.

Caso tem repercussão nacional, com atrizes clamando por justiça
A família do médico, liderada pelo pai de Pedro, Luciano Caldas, vem promovendo uma campanha para que o julgamento seja uma referência para esse tipo de ocorrência. Denominado Marco Civilizatório Pedro Caldas, a ideia é conscientizar as pessoas que quem bebe, dirige e causa homicídios, precisa ser punido. “Nós não podemos aceitar mais esse tipo de comportamento. No Brasil, a lei prevê tolerância zero de álcool para controlar um volante e isso precisa ser respeitado”, destacou Luciano.
Atrizes consagradas, Cissa Guimarães e Carol Castro, gravaram vídeos apoiando a campanha. Primeiro, no início de fevereiro, foi Cissa Guimarães que pediu responsabilização por esse tipo de crime. “A motorista estava embriagada, não possuía carteira de motorista e ainda era reincidente. Atropelou um casal alguns anos antes e também alcoolizada, sem documentação e não deu em nada. A família do Pedro tem se movimentado para tentar mobilizar a população de Palmas para não aceitar mais impunidade. É o movimento por uma cidade mais justa. As pessoas que bebem e dirigem têm que ser responsabilizada”, destaca a atriz.

Na semana passada, Carol Castro reforçou o apelo por justiça. “Quando a gente se torna pai, mãe, a gente se dá conta do valor real da vida, é inexplicável nosso sentimento de querer proteger o filho. É contra a ordem natural da vida os filhos partirem antes dos pais, sobretudo quando ela é tirada abruptamente. Esse é o caso de Pedro Caldas! A família vem há anos tentando mobilizar a sociedade de Palmas a não aceitar mais impunidade. Eu conto com vocês, eu conto com vocês”, frisou a atriz, que tem 38 anos e desde os 16 atua profissionalmente. Ela já passou por várias novelas da Rede Globo.
Outra personalidade que também gravou mensagem de apoio foi o pintor e artista plástico Siron Franco. Ele perdeu três sobrinhos em uma ocorrência semelhante e destacou a necessidade de o Brasil mudar essas leis.
(Da Redação)
