Mundo da ciência
Participando do Programa Caça Asteroides MCTI, tocantinenses são capazes de descobrir asteroides para a Nasa, afirma líder
Daiana de Souza Rocha, integrante do programa, detectou dois asteroides na última campanha e contou que sua meta é formar uma equipe com os apaixonados pela astronomia

Os tocantinenses também são capazes de descobrir asteroides para Nasa e se tornarem novos cientistas cidadãos. Contudo, para que ocorra essa inserção no mundo da ciência, é necessário que haja cidadãos voluntários em participar do Programa Caça Asteroides MCTI, o qual tem como objetivo popularizar a ciência com descobertas astronômicas. O programa tem parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e o International Astronomical Search Collaboration (IASC/Nasa Partner).
Para apresentar o Programa, o Portal Araguaína Urgente conversou com Daiana de Souza Rocha, natural da Bahia e que é integrante deste mundo que, como ela mesma afirma, “sou e sempre fui apaixonada por astronomia”. Há seis meses ela reside no Tocantins onde veio assumir um concurso público para o cargo de professora da rede estadual. Daiana aplica aulas de ciências na Escola de Tempo Integral Domingos da Cruz Machado, em Araguaína.
A baiana revelou qual a sua meta atualmente. “A minha meta é criar uma equipe com os meus alunos para que possam participar do Programa. Porém, foi uma correria neste primeiro semestre e não deu tempo de inscrevê-los. Com isso, fiquei sozinha na equipe e analisei sozinha as imagens durante as férias descobrindo, nesse período, dois asteroides. Mas a próxima equipe que eu formar vai ser com meus alunos e as detecções serão feitas por eles”, afirmou esperançosa.
O sonho dela é que as pessoas de Araguaína e de todo o Estado conheçam o Programa. “Tem muita gente que mostra interesse pelo assunto, que gosta de astronomia, mas, pelo que percebi, aqui na cidade, ninguém conhecia esse Programa. Também estou disponível para alguém que queira participar junto com a minha equipe, eu estou recebendo”, ressaltou.
Segundo ela, desde que começou a participar do Programa, nunca teve membros fixos. “Quem tiver interesse e quiser participar, o convite está feito. Quem quiser ser líder de equipe, eu também oriento. Todos os líderes participam de uma live preparativa no início das campanhas para aprender e tirar dúvidas”, garantiu.
Em um bate-papo bem descontraído com a equipe do Araguaína Urgente, a também, bióloga, apresentou o Programa Caça Asteroides MCTI repleto de asteroides descobertos. Acompanhe.
Portal Araguaína Urgente: O que é o programa?
Daiana de Souza Rocha: O programa de Caça Asteroides MCTI é um programa em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a Colaboração Internacional de Pesquisa Astronômica – sigla em inglês: IASC/NASA – International Astronomical Search Collaboration/NASA Partner. O programa conta com o apoio da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, da Secretaria Estadual de Educação do Mato Grosso e do Observatório Nacional. Esse programa tem uma abrangência nacional e internacional. O objetivo do programa é popularizar a ciência entre cidadãos voluntários e também despertar o interesse de pessoas de todas as idades, pela ciência. Detectar asteroides é um feito muito importante e, a partir do momento que a pessoa vê essa possibilidade, ela começa a se interessar cada vez mais por essa área.

Portal: Qual a importância do Programa?
Daiana: Esse Programa tem duas importâncias significativas. A primeira e a mais importante, é que ele oferece a oportunidade de qualquer pessoa, acima de 6 anos, participar. A gente tem crianças, jovens e até idosos aposentados que agora o hobby é caçar asteroide. Na maioria das vezes, os adultos e idosos são pessoas que eram apaixonadas pela área da astronomia, da ciência e não tiveram oportunidade de entrar em uma faculdade ou trabalhar nessa área e hoje eles estão realizando um sonho de poder participar e colaborar com a pesquisa científica.
Quanto ao outro lado, os jovens e crianças estão despertando ainda mais o interesse pela educação, ciência e tecnologia. A segunda maior importância do Programa, é que esses asteroides que são detectados pelos cientistas cidadãos, como são chamados os voluntários que participam do Programa, esses asteroides não iam ser identificados de outra forma, porque passaram despercebidos pela identificação automática do telescópio Pan-STARRS, que é um telescópio profissional de alta precisão localizado no observatório do Havaí.
O Pan-STARRS, que captura essas imagens e já faz uma identificação automática de vários asteroides. Porém, eles mandam essas imagens para que a gente passe um pente fino e veja se não ficou nenhum asteroide que passou batido. É importante que a gente identifique todos os asteroides para podermos monitorar constantemente para que possamos ver a rota, órbita e a velocidade e estudar cada um. Podemos ainda citar uma terceira importância: os cientistas cidadãos que fazem as detecções de asteroides, quando são confirmadas, recebem medalhas, Menções honrosas e ainda têm a oportunidade de nomear esse asteroide, ou seja, tem a oportunidade de escolher o nome para o asteroide.
Portal: Quando você começou a participar do Programa?
Daiana: Eu comecei a participar do Programa quando cursava Biologia, na Universidade do Estado da Bahia, e li uma notícia de que uma menina de 8 anos havia descoberto um asteroide. Então comecei a me questionar como seria possível uma menina de 8 anos ter detectado um asteroide. Parecia ser algo impossível. Comecei a pesquisar. Foi quando eu conheci o Programa. Fiz a minha inscrição no Programa, montei uma equipe, com meus colegas da faculdade, e comecei a participar. Eu era e ainda sou muito apaixonada por astronomia. Eu fiquei muito empolgada com essa oportunidade.
Portal: Como se faz para participar?
Daiana: Para participar, os requisitos são bem mínimos. Você só precisa ser maior de 6 anos, desde que tenha um líder maior de idade para ficar responsável por receber as imagens no e-mail, enviar também os relatórios das imagens de volta. Precisa ter um computador e acesso a internet, pois essas análises são feitas por um software chamado Astrometrica que foi desenvolvido pelo próprio pessoal do Programa. Esse software também é o mesmo que os profissionais, os astrônomos usam. Como na época eu já era maior de idade, eu mesma fui líder da minha equipe, comecei a receber os pacotes de imagens e fazia as análises.

Portal: Como são feitas as análises das imagens?
Daiana: É muito fácil. Tanto é que há crianças participando do projeto. Olhamos as imagens e tentamos identificar um pontinho piscando e fazendo uma trajetória em linha reta. É basicamente isso. O líder da equipe recebe o acesso ao site do programa para poder entrar na sessão da equipe que está cadastrada e baixar o pacote de imagens que são enviadas do telescópio PAN-STARRS.
Baixando esses pacotes, o líder vai jogá-los no software Astrometrica. O Astrometrica faz todos os cálculos de precisão, faz um pequeno GIF colocando as imagens em sequência. Nesse GIF vamos analisar e tentar identificar o pontinho piscando e fazendo a trajetória em linha reta. Quando nós clicamos no pontinho, o Astrometrica faz o cálculo de magnitude e velocidade. Nós não temos muito trabalho. Só precisamos identificar esse pontinho piscando e fazendo a trajetória em linha reta. É claro que depois de identificar esse pontinho, fazemos mais algumas análises para ver se tem possibilidade de ser uma detecção verdadeira ou não. Depois de toda essa análise, o líder tem a possibilidade de dizer se pode ou não, ser um asteroide. Se, sim, o líder vai enviar um relatório para uma equipe de Harvard onde será realizada outra análise desse pontinho.
Portal: O que os participantes ganham?
Daiana: Depois que a equipe Harvard receber o nosso relatório, eles vão analisar essa marcação e darão uma devolutiva para dizer se pode ser um asteroide ou não. Quando for confirmado a veracidade da detecção, nós recebemos menções honrosas e medalhas, ou seja, a comunidade científica considerou que a nossa observação foi muito importante.
Depois do bate-papo com pontinhos brilhantes e caminhando em linha reta, Daiana reforçou o convite para futuros cidadãos-voluntários e enfatizou que outros estados já participam do programa “Estou aberta a receber membros de todas as idades, dando ênfase para crianças e jovens que são o futuro do nosso país. Nós, os profissionais da educação, temos o compromisso com a divulgação científica e devemos apoiar e incentivar a curiosidade dos nossos estudantes, de forma que eles se apaixonem cada vez mais pela ciência e pela educação. O programa Caça Asteroides é uma oportunidade desbravadora e emocionante!”, concluiu.
(Da Redação)
(Foto: Divulgação)
