Idoso é vítima de suposta negligência e família denuncia série de falhas graves no Hospital Regional de Miracema

A família de Manuel Lira, 71 anos, morador de Miracema do Tocantins, denuncia uma sequência de episódios de suposta negligência, tratamento inadequado e até intimidação envolvendo profissionais e a direção do Hospital Regional de Miracema. O caso aconteceu entre a sexta-feira, 21, e o último fim de semana, e vem gerando forte comoção na cidade.

Segundo o relato do filho do paciente, Wilton Batista, o pai começou a passar mal ainda na sexta-feira, apresentando fortes sinais de infecção, febre e desorientação. A família levou Manuel ao hospital, onde ele teria recebido um diagnóstico precipitado de “quadro psiquiátrico”.

Ainda de acordo com a família, o idoso foi medicado com sedativos, “dopado” e posteriormente liberado para retornar para casa, mesmo ainda debilitado.

Durante a madrugada, Manuel voltou a apresentar uma crise, e, na manhã seguinte, foi levado novamente ao hospital. Conforme a família, a situação se repetiu: o idoso foi novamente sedado, amarrado a uma maca e, mais uma vez, tratado como caso psiquiátrico.

Por volta do meio-dia, os familiares conseguiram contato com um psiquiatra, que teria avaliado o quadro e alertado a equipe da unidade de que não havia qualquer indicativo psiquiátrico, recomendando imediatamente a realização de exames, entre eles uma tomografia.

A família então solicitou a transferência de Manuel para o Hospital Geral de Palmas (HGP).

Transferência atrasada e ambulância incendiada

Apesar de o pedido de transferência ter sido feito por volta das 12h, segundo Wilton Batista, a ambulância só foi liberada por volta das 16h, após o que ele descreveu como “muita peleja”.

Entretanto, cerca de quatro quilômetros após deixar o Hospital Regional de Miracema (HRM), a ambulância incendiou em plena estrada — Rodovia TO-445.

A família afirma que o idoso, ainda amarrado à maca e sedado, ficou preso dentro do veículo em chamas, sem conseguir ser retirado de imediato. Populares que passavam pelo local prestaram os primeiros socorros. O paciente ficou quase meia hora deitado à beira da rodovia, apenas de fralda, desprotegido e sem atendimento, enquanto a equipe aguardava outra ambulância.

Quando o segundo veículo chegou, Manuel já estava novamente em crise.

Barrados na entrada e suposta tentativa de coerção

Ao retornar ao Hospital Regional de Miracema, a situação se agravou. Segundo a família, o diretor da unidade, identificado como Sávio, teria impedido que a irmã de Wilton acompanhasse o pai dentro da unidade. A liberação só ocorreu após a família ameaçar chamar a polícia.

Ainda de acordo com o relato, o diretor teria solicitado que a filha de Manuel gravasse um áudio negando o ocorrido — o que a família interpreta como tentativa de coação e intimidação.

Além disso, após a divulgação de vídeos e informações do caso em grupos de moradores de Miracema, os familiares relatam terem sido alvos de intimidações, inclusive por parte de uma enfermeira que teria enviado mensagens privadas ao denunciante.

Atendimento em Palmas e novos problemas

Levado a Palmas, a família afirmou que Manuel chegou ao Hospital Geral de Palmas (HGP) e realizou a tomografia. No entanto, o laudo não teria sido emitido porque, segundo informado, a unidade estaria “sem internet” no sábado, o que impediu a liberação do resultado dos exames.

Diante da situação e já perto da meia-noite, a família conseguiu uma ambulância UTI e transferiu Manuel para um hospital particular, onde ele permanece internado.

Família pede investigação

Revoltados, os familiares afirmam que irão formalizar denúncia às autoridades competentes, incluindo o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e a Secretaria Estadual da Saúde.

“O que fizeram com meu pai foi desumano. Foi descaso, negligência, e agora estão tentando nos intimidar. Vamos buscar justiça”, disse Wilton.

Nota da Secretaria de Estado da Saúde

“O paciente Manoel Lira foi acolhido no Hospital Regional de Miracema (HRM), onde foi avaliado pela equipe multiprofissional e, após avaliação médica, transferido para o Hospital Geral de Palmas (HGP), para a realização de exame complementar e leito específico para o seu quadro clínico.

A SES-TO esclarece que, no momento da transferência, a ambulância apresentou problemas mecânicos e foi imediatamente substituída, o paciente reavaliado no HRM e posteriormente encaminhado para o HGP.

A SES-TO destaca que no HGP, o paciente foi acolhido e evadiu-se da unidade sem a conclusão do tratamento necessário.

Sobre as denúncias quanto à negligência no atendimento, a SES-TO enfatiza que não recebeu queixas em seus canais oficiais, mas determinou a averiguação dos fatos para as medidas cabíveis.”

Palmas, 24 de novembro de 2025
Secretaria de Estado da Saúde

(Com informações da Agência Tocantins)
(Foto: Divulgação /Arquivo da família)