Após a terceira morte ser
registrada em unidades prisionais do Estado, em menos de uma semana, o titular
da Secretaria da Cidadania e Justiça (Seciju), Heber Luís Fidelis Fernandes,
afirmou durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, 6, que os
casos são isolados, não tem ligação entre eles e que os motivos são incomuns.
“A primeira morte em Gurupi, a
Polícia Civil está terminando de investigar, mas tudo leva a crer que foi um
suicídio pela forma que o preso foi encontrado e pelos depoimentos de outros
detentos. A segunda, ocorrida na Casa de Prisão Provisória de Palmas, um membro
de uma facção criminosa que foi morto pela própria facção. E a de Araguaína, no
Barra da Grota, foi outra facção criminosa executou outro integrante”,
ressaltou.
Segundo o secretário, com a morte
do detento no Barra da Grota, alguns bilhetes vieram de dentro dos pavilhões
informando que, o que estava acontecendo, era uma forma de protesto pelo
aparelhamento colocado nas unidades prisionais.
Durante a coletiva, o secretário
lembrou que a Seciju foi cobrada no final do ano passado sobre a instalação de ‘body
scanns’, bloqueadores de sinal de celular e sobre os bingos que aconteciam
dentro das unidades. “No ano passado apresentamos as metas do que faríamos
e estamos fazendo. Colocamos os bloqueadores de sinais e body scanns em algumas
unidades. No Barra da Grota, por exemplo, foi observada uma redução de até 40%
nos números de criminalidade. Isso traz algumas consequências, irrita algumas
pessoas e traz essa forma de protesto”, justificou.
O secretário foi questionado como
os presos têm acesso a objetos cortantes, já que algumas mortes foram ocasionadas
por eles. “De várias formas: Como a unidade de Palmas é antiga e feita de
alvenaria, é tirado ferro da parede e o armamento é feito com desodorante. É o
que eles acham lá dentro para poder estar utilizando”, ressaltou.
Ele também respondeu se as facções
são separadas nas unidades prisionais do Estado. “Sim, são separadas.
Existe desde 2016 uma ordem do Tribunal de Justiça do Estado”, garantiu.
Quanto às brigas terem relação
com algum movimento nacional, o secretário disse que esses fatos não têm
relação entre si. “Como eu disse, são fatos isolados e que aconteceram como
forma de protesto. Os dois últimos pelo aparelhamento das unidades prisionais
que a secretaria vem fazendo. Até porque foram mortos pelos membros da mesma
facção e não por rivais. Não estão ligados a outros movimentos. Estamos em
alerta, principalmente, os estados do norte pelo ocorrido no Pará. Mas, por
enquanto, essas mortes não são ligadas a isso”, enfatizou.
Ele também foi questionado sobre
a quantidade de agentes prisionais para garantir a segurança dos presídios.
“Atualmente, no total, são 855 agentes divididos entre 39 unidades.
Estamos trabalhando para trazer mais agentes para dentro do sistema. Hoje mesmo
eu estive na Polícia Militar. Eles estão nos reforçando alguns dias, depois do
que aconteceu no Pará”, disse.
Quanto às medidas que estão sendo
tomadas, o secretário enumerou. “Aumento do efetivo e procedimentos, vistorias
realizadas semanalmente em todas as celas das unidades. Não podemos dizer que
não vai acontecer mais e que vamos conseguir resolver o problema, mas estamos
tentando evitar com o máximo de força possível”, garantiu.
Caso
de Gurupi
O preso Ademirde Pereira da Silva
foi encontrado enforcado com uma corda artesanal feita com lençóis, na cela no
pavilhão B, na madrugada de sexta-feira, 2, na Casa de Prisão Provisória de
Gurupi. Ele, que foi preso na quarta-feira, 31, era suspeito de estuprar e torturar
a ex-namorada.
Caso
de Palmas
O preso Gernilson Vieira de
Sousa, de 35 anos, foi encontrado morto no pavilhão A da Casa de Prisão
Provisória de Palmas (CPPP). Ele foi encontrado pelos agentes da unidade e
estava com uma corda artesanal amarrada no pescoço e marcas de perfurações no
tórax. O crime aconteceu na tarde de domingo, 4.
Caso de Araguaína
O preso Aristeu Ribeiro Filho, de 31 anos, foi encontrado por agentes penitenciários, morto dentro do Presídio Barra da Grota. Ele teve as pernas, cabeça e coração arrancados. O crime aconteceu nessa segunda-feira, 5, por volta das 19 horas, pavilhão B, onde cumpria pena por assalto. As partes do corpo estavam dentro de uma caixa usada para colocar marmitex.
(Por:
Raimunda Costa)
