EDUCAÇÃO
Despreparo: educação inclusiva ainda enfrenta desafios no Tocantins
Acolhimento, acessibilidade e capacitação de professores são considerados pilares para garantir o aprendizado de todos os alunos

No Tocantins, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 101 mil pessoas acima dos dois anos de idade foram diagnosticadas com alguma deficiência, o que representa 6,9% da população. Apesar de ser uma parcela expressiva do total de habitantes do estado, a construção de uma sociedade mais plural, que se fortalece pela soma das diferenças e não pela exclusão do que foge ao padrão, ainda é um projeto em desenvolvimento, e passa, de forma decisiva, pela educação infantil.
Se, há alguns anos, era comum afastar pessoas com diferenças físicas ou neuropsíquicas do convívio social, hoje se reconhece que a interação pode trazer inúmeros benefícios. No entanto, ainda de acordo com o Censo, mais da metade dos autistas do estado não concluiu o ensino fundamental. A falta de estrutura de muitas instituições de ensino para acolher crianças com deficiência é apontada como um dos fatores que contribuem para esse cenário.
Em muitos casos, o despreparo é tão grande que alunos são sumariamente rejeitados pelas escolas procuradas por seus responsáveis, como relata a diretora do Centro Educacional São Francisco de Assis (Cesfa), Claudia Cristiane de Andrade. “Muitos pais chegam até nós já desmotivados depois de algumas experiências desastrosas em outras instituições de ensino. Os relatos de escolas que colocam dificuldades ou mesmo negam a matrícula de uma criança pelas diferenças dela seguem se multiplicando. Para tentar mudar esse cenário, no Cesfa, o investimento em educação inclusiva é uma política constante. Cada criança que chega até aqui é acolhida de modo a respeitar suas diferenças e promover a sua integração social e o seu amplo desenvolvimento”, afirmou.
A orientadora educacional da escola, Renata Gomes de Lucena, acrescenta que a inclusão exige atenção a diferentes aspectos para que todos os alunos possam aprender e se desenvolver. “Segundo ponto que nós precisamos de uma atenção especial é com relação à acessibilidade. Então a acessibilidade física, dos espaços, da mobilidade que nós precisamos observar, também os recursos pedagógicos, os materiais, a questão das tecnologias assistivas para atingir o máximo de necessidade educacional especial, a questão também da comunicação, os recursos de comunicação para garantir essa acessibilidade”, destacou a educadora, reforçando o investimento da escola na infraestrutura e em materiais didáticos e paradidáticos que oferecem suporte a todos os alunos.
O que muitas pessoas, ainda presas a preconceitos, esquecem é que a exclusão não prejudica somente quem possui algum tipo de deficiência. Quando uma escola fecha suas portas para a diversidade, perde-se a chance de formar cidadãos mais empáticos, solidários e preparados para a vida em sociedade. Por isso, a defesa da inclusão precisa ir além do discurso e se tornar um compromisso coletivo e diário de toda a sociedade, com o direito de cada aluno a aprender, conviver e crescer em um ambiente onde ser diferente é parte da riqueza coletiva.
(Por Redação)