OPERAÇÃO
Mansão de ex-secretário de saúde é alvo de buscas da PF em investigação sobre corrupção e desvios em contratos
A mansão do ex-secretário de saúde Afonso Piva voltou a ser alvo de buscas da Polícia Federal nesta quinta-feira, 22. A investigação dá andamento ao inquérito que apura suposto esquema de fraude em licitação da compra de seringas para hospitais públicos.
Em nota, Secretaria Estadual da Saúde do Tocantins disse que está à disposição da justiça e dos órgãos de controle, para quaisquer esclarecimentos. E que Piva não trabalha no governo desde agosto de 2023.
O imóvel de Piva fica na orla de Palmas e tinha sido alvo de buscas em agosto do ano passado. Entre os elementos que levaram ao novo mandado, está o fato de que Afonso supostamente teria contado com ajuda de um assessor de gabinete para esconder um celular e um carro durante a primeira fase da operação.
Os detalhes estão na decisão da 4ª Vara da Justiça Federal que autorizou as novas buscas. Conforme o documento, no dia da primeira operação Piva estava em uma academia e pediu carona para voltar para casa, abandonando o próprio veículo no local.
Ele teria deixado o celular no carro de um personal trainer que lhe deu carona. Depois, supostamente pediu a um funcionário do gabinete para recuperar o aparelho. Para a Polícia Federal, isso teria causado embaraço às investigações.
“A hipótese levantada pela autoridade policial na representação em tela é a de que o indivíduo que em tese prestou o auxílio ao investigado Afonso Piva de Santana no embaraço às investigações seria Olivito Leonardo de Oliveira Almeida”, diz a decisão.
Olivito também é alvo de buscas nesta quinta-feira, 22, e teve os sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça Federal.
Sobre o servidor, a SES pontuou que não teve acesso aos autos da investigação, mas caso seja notificada pela justiça e haja comprovação da eventual ilicitude nos atos do servidor, tomará as medidas legais cabíveis.
A decisão também autoriza a quebra dos sigilos bancário e fiscal de uma mulher que seria amiga e suposta laranja de Afonso Piva, além de uma empresa aberta por ela para disputar licitações e fornecer insumos à Secretaria de Estado da Saúde.
Operação após dinheiro enterrado
Essa nova fase da operação foi realizada dias após a Polícia Federal apreender quase R$ 60 mil encontrados em uma casa que pertencia a mãe de Afonso Piva, Inêz Piva de Santana. O dinheiro estava enterrado no jardim e foi encontrado pelo novo proprietário da casa.
Inêz foi alvo da primeira fase da operação. O delegado Hayder Eduardo Martins Pereira foi responsável pelas buscas na casa e disse que o dinheiro pode ter relação com uma investigação em aberto, mas não detalhou quem são os investigados.
A descoberta desse dinheiro não é citada nesta nova fase da operação e Inêz Piva de Santana não figura como alvo de buscas da polícia.
Entenda
O Inquérito Policial da Operação Autoimune apura suspeitas de um esquema para fraudar licitações, direcionar contratos e desviar recursos públicos mediante superfaturamento. A suspeita é de um prejuízo de R$ 2 milhões aos cofres públicos.
A polícia afirmou que também busca esclarecer a suspeita de que um agente público estaria ocultando bens e valores de origem ilícita.
Essa investigação é um desdobramento da Operação Autoimune, realizada no dia 3 de agosto de 2023 pela Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU). Na época a polícia investigava superfaturamento na compra de seringas. O então secretário de saúde, Afonso Piva, foi um dos alvos e acabou entregando o cargo.
A Polícia Federal afirmou que nesta nova etapa se busca elucidar a possível existência e atuação de uma organização criminosa, bem como identificar todos os envolvidos, colher provas e recuperar recursos desviados.
Os suspeitos poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, frustração do caráter competitivo de licitação, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem chegar a 50 anos de reclusão, além da perda de bens e valores para a reparação do dano.
O nome da operação foi escolhido em referência ao fato de que em vez de cumprir o dever funcional zelar pelo bem público, os servidores públicos envolvidos estariam “atacando” a Secretaria de Saúde, ao participarem do desvio de recursos públicos.
O que diz a Secretaria Estadual da Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES-TO) informa que até o momento não foi notificada pela Polícia Federal, nem pela Justiça Federal, a respeito da operação citada e não tem agentes policiais em prédios públicos do Governo do Tocantins.
A SES-TO destaca que está à disposição da justiça e dos órgãos de controle, para quaisquer esclarecimentos.
Sobre os servidores mencionados, a SES-TO esclarece que desde 07 de agosto de 2023, Afonso Piva de Santana, não trabalha na Pasta.
Quanto a Olivito Leonardo de Oliveira Almeida, a Secretaria pontua que não teve acesso aos autos da investigação, mas caso seja notificada pela justiça e haja comprovação da eventual ilicitude nos atos do servidor, tomará as medidas legais cabíveis.
(Com informções do G1 Tocantins)
(Foto: Foto: Betânia Sousa/TV Anhanguera)