Força-tarefa vai investigar
O que se sabe sobre assassinato de brigadista do Ibama morto a tiros na porta de casa no Tocantins
Sidiney de Oliveira Silva tinha 44 anos e trabalhava a serviço das equipes do Prevfogo, ligado ao Ibama. A Polícia Civil deve montar uma força-tarefa para investigar o crime
O assassinato do brigadista Sidiney de Oliveira Silva, 44 anos, chocou a região de Formoso do Araguaia, no sul do Tocantins. No sábado, 15, ele foi baleado com dois tiros na porta de casa. A Polícia Civil deve montar uma força-tarefa para investigar o crime.
Confira, abaixo, o que se sabe até o momento sobre o crime:
Quem era o brigadista e onde atuava
Casado e pai de três filhos, Sidiney era ambientalista e brigadista experiente, contratado do programa Pevfogo, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ele atuava no combate a incêndios florestais, em defesa da região da Ilha do Bananal e dentro dos territórios indígenas do Parque Nacional do Araguaia.
Em 2023, Sidiney também participou do combate a um incêndio de grandes proporções registrado nas proximidades da Mata do Mamão, considerada um santuário ecológico com a maior área de vegetação nativa da região, unindo os biomas do cerrado, pantanal e amazônico.
Pelo vasto conhecimento na Ilha do Bananal, Sidiney deu apoio logístico às equipes da Funai em 2019, quando foram avistados indígenas isolados durante um sobrevoo de helicóptero. Ele também era presidente da Associação de Brigadistas da Brigada Federal (Brif) Nordeste.
Investigação de assassinato terá força-tarefa
Até a noite desta segunda-feira, 17, nenhum suspeito do crime havia sido preso. Também não havia informações sobre a motivação do assassinato de Sidiney.
À TV Anhanguera, o diretor da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO), Afonso Lyra, explicou que a apuração foi reforçada por uma equipe de investigadores para tentar desvendar o caso mais rápido possível.
Além desse apoio, equipes da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Gurupi também ajuda nessa apuração.
Como o caso corre em sigilo, não foram repassados detalhes sobre como está a apuração. Mas a Polícia Civil informou que trabalha com diversas linhas de investigação que possam ter motivado o assassinato de Sidiney.
Como o crime aconteceu contra uma pessoa que atuava na região da Ilha do Bananal e do Parque Estadual do Araguaia, a investigação é acompanhada pela Polícia Federal, segundo apurou a TV Anhanguera. Mas o caso não está federalizado.
Caso a Polícia Civil precise, equipes da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Tocantins (FICCO/TO) – que integra equipes de várias polícias, inclusive a Federal – poderão ajudar a apurar as circunstâncias da morte do brigadista.
Irmã ouviu ‘explosões’ e encontrou corpo
Por volta das 7h30 de sábado (15), uma testemunha contou que ouviu duas ‘explosões’ na rua 2, região central de Formoso do Araguaia. Ao chegar à porta, viu que havia um homem caído perto do portão de casa.
A testemunha em questão, segundo informou a Polícia Militar (PM), era a irmã de Sidiney, que viu o brigadista agonizando no chão e pediu socorro. Uma ambulância foi até o endereço, mas a equipe apenas atestou a morte.
Após ser liberado do Instituto Médico Legal de Gurupi, o corpo do brigadista foi velado durante o sábado e enterrado no domingo (16), no cemitério municipal de Formoso do Araguaia.
Disparos partiram de casa abandonada
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a investigação apontou que a arma utilizada foi uma espingarda cartucheira.
Foi possível identificar também que os tiros foram disparados de uma casa abandonada que fica na frente ao local que ele estava quando foi morto.
Um vizinho relatou à polícia que antes de amanhecer, viu uma motocicleta parada na esquina. Nela estava um homem de jaqueta e capacete observando o local.
No boletim de ocorrência consta que Sidiney se levantou por volta de 7h30 e estava verificando a água e óleo do carro quando foi atingido pelos tiros.
Ibama e Funai emitiram notas de pesar
Órgãos e gestões emitiram notas de pesar pela morte de Sidiney Silva. Nesta segunda-feira, 17, Fundação Nacional do Índio (Funai) repudiou o assassinato e reconheceu o brigadista como ‘um dos principais conhecedores da Ilha do Bananal’.
“A Funai se solidariza com a família e amigos, e aguarda o término das investigações, na espera de que a justiça seja feita nesse e em todos os crimes envolvendo defensores das causas ambientais e dos direitos indígenas”, destacou na nota.
O Ibama também lamentou a perda e se solidarizou com amigos e parentes de Sidiney.
“Os brigadistas do Prevfogo, assim como toda a equipe Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e do Ibama prestam agradecimento à família e aos amigos pelos anos de trabalho e dedicação do brigadista Neném em defesa da natureza”.
(Com informações do G1 Tocantins)
(Foto: Reprodução)