Em Tocantínia
Cerimônia de nomeação de meninos e meninas marca encerramento da festa Dasĩpê na Aldeia Funil, do povo Xerente
Localizada em Tocantínia, aldeia encerrou nesta terça-feira, 29, a festa tradicional com o batismo, que é a oficialização dos nomes próprios de crianças e adolescentes do povo Akwẽ

Com o apoio do governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), a cerimônia de nomeação de meninos e meninas da aldeia Funil, do povo Xerente, em Tocantínia, ocorreu nesta terça-feira, 29. A ocasião marca o encerramento da festa cultural Dasĩpê, evento tradicional Xerente que fortalece a identidade e a memória ancestral do povo Akwẽ.
Durante a celebração, 20 meninas e 14 meninos — desde bebês de colo até adolescentes — participaram do ritual de nomeação, também conhecido como batismo. Nesse momento, o nome próprio, que faz referência ao clã de origem, é oficialmente atribuído à criança, consolidando sua identidade cultural.
As festividades do povo Akwẽ ocorreram ao longo de dez dias, reunindo mais de 150 famílias e aproximadamente 500 pessoas da comunidade. Os rituais ancestrais foram marcados por cânticos tradicionais, uso de adereços, pintura corporal e demais expressões que reforçam a riqueza da identidade cultural Xerente.
O secretário de Estado dos Povos Originários e Tradicionais, Paulo Xerente, pertencente à etnia Akwẽ, destacou o compromisso do Governo do Tocantins com a valorização e preservação das culturas indígenas. Ele enfatizou a importância de manter vivas tradições como a corrida da tora, a presença das duas toras centrais no pátio e, sobretudo, a cerimônia de nomeação das crianças. E que esses são pilares fundamentais da identidade que precisam ser preservados e repassados às próximas gerações.
O cacique Elso Xerente, do clã Wahirê, agradeceu o apoio da Sepot e a presença da equipe liderada pelo secretário Paulo Xerente. Para o líder indígena, garantir a continuidade da festa Dasĩpê é essencial para perpetuar os nomes originários, escolhidos conforme a tradição e o vínculo com os clãs, com base na orientação dos anciãos.
Assim, os mais velhos estão passando os rituais, os cantos e as responsabilidades para a nova geração de homens Akwẽ, que terão a tarefa de realizar as próximas celebrações.
O cacique também apontou desafios enfrentados pela comunidade na conciliação entre a tradição cultural e as exigências legais do país, como o registro civil nos primeiros dias de vida. Ele explicou que, por décadas, muitos nomes atribuídos nas certidões de nascimento não correspondiam aos nomes tradicionais, uma vez que a verdadeira nomeação só ocorre durante a Dasĩpê.
“Precisamos fazer valer o nome original que a gente coloca nas crianças”, enfatizou, citando que o número de nascimentos na aldeia é alto e a festa precisa ser realizada num intervalo máximo de três anos para que não haja lacunas. Na comunidade, existem cerca de 160 crianças de até dez anos. “Estamos felizes porque hoje todos os nomes estão certinhos”, comemorou.
(Da secom Tocantins)
(Foto: Julyana Batista Aires/Governo do Tocantins)