EM ARAGUAÍNA
Diretor-técnico do IDRT faz alerta dos riscos de colapso nas sessões de hemodiálise, por falta de pagamento por parte do governo
O diretor-técnico do IDRT, doutor Marco Antônio Corrêa Galvão, afirma que desde setembro sinaliza de forma documentada sobre a situação de falta de repasse
Telespectadores do Programa Araguaína Urgente, que realizam sessões de hemodiálise no Instituto de Doenças Renais do Tocantins (IDRT), enviaram mensagens ao apresentador Rodrigo Magalhães, preocupados com um possível colapso no serviço da terapia renal substitutiva por falta do repasse referente a quase quatro meses por parte do governo estadual.
Com a suposta falta de recursos, a unidade de saúde pode interromper os serviços de hemodiálise dos 154 pacientes renais crônicos que dependem do tratamento. Para conferir as denúncias, Rodrigo Magalhães esteve no IDRT e questionou o diretor-técnico do IDRT, doutor Marco Antônio Corrêa Galvão, se há realmente atraso dos repasses e se pode comprometer o atendimento das pessoas que necessitam do procedimento.
Eficiência e segurança
Sem titubear, o médico foi enfático ao dizer que sim. “Porque nós dependemos de “N” atitudes, de compra, de insumo, manutenção das máquinas de hemodiálise, pagamento de profissionais habilitados, certificados para o atendimento efetivos com eficiência e segurança. São pessoas que dependem desse tratamento com insuficiência renal e que podem continuar sua vida, como esperando um transplante renal ou novas modalidades, sejam de tratamento, de medicamentos ou de procedimentos dialíticos, que nos próximos anos acontecerão. Como eu vi nesses 42 anos de medicina e aqui em Araguaína, no Instituto há 30 anos”, pontuou o diretor.
Extratos dos pagamentos
Corrêa Galvão afirmou que precisa estar em dia com o que precisa comprar. “Não é simplesmente uma máquina de hemodiálise e uma cadeira. É uma coisa muito complexa. É que nem um hospital grande, precisa de muita coisa para ele funcionar. O nosso contratante, o único nesses 30 anos, foi o governo estadual, a Secretaria Estadual de Saúde, que recebe o repasse do governo federal. Quem paga a hemodiálise no Brasil é o governo federal. Inclusive, nós temos o extrato, que é público, dos pagamentos que foram feitos pelo Fundo Nacional de Saúde para a Secretaria de Estado de Saúde e, especificamente, no faeque, está escrito: Nefrologia. Isso é para o Tocantins, não é para o Instituto. Nós temos outras unidades de hemodiálise no Estado”, revelou.
154 pacientes
Quanto ao atraso do repasse, o médico afirmou que provoca um impacto. “Nós não somos uma instituição que tem investimento, que tem outras coisas que possam suprir esse hiato financeiro. É isso que está acontecendo no Instituto. Nós temos 154 pacientes no programa e 80% deles são de Araguaína, mas Araguaína, por si, responde pelo médio norte Tocantins. Se essa situação não se regularizar, eu não posso ser responsável por uma fatalidade. Uma pessoa que parar de fazer hemodiálise, coloca a vida dela em risco. É questão de semana. Não faltou tratamento para ninguém, estou apenas prevendo. Desde setembro estamos sinalizando de forma documentada sobre a situação de falta de repasse”, garantiu o médico citando que agosto, setembro, outubro e metade de julho são os meses atrasados.
Paciente não é do IDRT
“O que posso fazer? É duro dizer isso: o paciente não é do IDRT, mas do Sistema Único de Saúde. Quem é o gerente-mor do Sistema Único de Saúde no Estado? É o secretário de Saúde. Eu vou criar documentos, vou consultar a advogados, Ministério Público, apresentando a lista dos pacientes que o secretário de Saúde vai ter que transferir para outras unidades de diálise no Brasil inteiro para que não falte tratamento para eles”, criticou
Valor da dívida
O médico afirmou que o valor da dívida do Estado com ele gira em torno de R$ 1,5 milhão. “Estava em dois milhões, eles nos pagaram quinhentos mil referentes a junho. A previsão orçamentária para o tratamento de hemodiálise do estado do Tocantins é em torno de nove milhões”, pontuou o médico mostrando comprovantes de cobranças judiciais de fornecedores que não querem faturar os pedidos. “Nós estamos negociando com nossos fornecedores”, contou.
Sensível ao problema
Durante a entrevista, Rodrigo Magalhães disse que acredita que o governador em exercício do Tocantins, Laurez Moreira, será sensível ao problema. “Ontem eu entrei em contato com o líder do governo na Assembleia, deputado Jorge Frederico, com o secretário da Administração do Tocantins, Marcos Duarte, e esperamos, realmente que tenham um diálogo e se resolva, pois essas pessoas que precisam do procedimento não podem esperar e correr esse risco, como o doutor falou. Esperamos realmente que seja sanado esse problema que é muito sério e grave”, ressaltou o apresentador lembrando que o governador está cumprindo agenda em Brasília.
Continuidade dos serviços
O Portal Araguaína Urgente solicitou uma nota para a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) sobre a denúncia. Embora não informe sobre a solução do problema, a Pasta pontuou apenas que “zela pela continuidade dos serviços prestados à população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) e isso inclui os pagamentos às empresas e prestadores de serviços especializados”
O que diz a Sesau
“Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que zela pela continuidade dos serviços prestados à população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) e isso inclui os pagamentos às empresas e prestadores de serviços especializados. Neste contexto, só em novembro, o Estado já pagou mais de R$ 500 mil ao Instituto de Doenças Renais do Tocantins LTDA e já estão em andamento novos pagamentos para manutenção do atendimento especializado.
Palmas, 26 de novembro de 2025
Secretaria de Estado da Saúde”
(Da Redação)
(Foto: Divulgação)
