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Segurava um facão

Família denuncia abordagem de PMs que matou idoso em surto psicótico: ‘Não precisava dar cinco tiros’

Policiais tinham sido chamados pelo Samu para ajudar conter idoso de 73 anos que tinha esquizofrenia. PM afirmou que ele ameaçava pessoas e tentou atacar equipe com facão

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O idoso Arnaldo Ferreira de Souza, 73 anos, morreu após ser baleado por policiais militares. Nas redes sociais, a sobrinha dele, Sandra Cristina dos Santos, 45 anos, desabafou que o tio foi abordado por policiais fortemente armados, enquanto estava em surto psicótico devido à esquizofrenia que enfrentava. Para a família, houve despreparo.

Os policiais tinham sido chamados na noite de domingo, 7, para dar apoio ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). No dia da ocorrência, a polícia afirmou que ele estava ameaçando pessoas próximas e tentou atacar a equipe com um facão. O idoso foi morto com cinco tiros, segundo a família.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. A Polícia Militar foi questionada sobre as denúncias da família, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

“Era um pai de família, honesto, honrado, nunca feriu ninguém, nunca fez mal pra ninguém. Chamamos ajuda para levá-lo ao hospital […] e não ao cemitério como tivemos que fazer”, disse a sobrinha.

Natural de Itapuranga (GO), Arnaldo era casado e pai de três filhos. Ele morava com a família na quadra 1.206 Sul. A família afirma que ele sofria de esquizofrenia há mais de 40 anos e chegou a ficar internado por um tempo.

Família alega falta de preparo e força policial excessiva

Para a sobrinha, faltou preparo da polícia. “Naquele momento [Arnaldo] não respondia pelos seus atos, e quem conhece ou convive com pacientes psiquiátricos sabe do que estou falando, era pra tirar do surto, e não tirar a vida desse homem”.

Sandra questionou a necessidade de tamanha força policial para lidar com um idoso. Segundo ela, ninguém foi feito refém. “Nós da família estávamos todos no portão, na esperança de receber ele na maca do Samu. […] Se não sabiam como ajudar era só nos dizer, não precisava dar cinco tiros, no coração, crânio e perna, em um idoso que estava com um facão, enquanto tinham pistolas, fuzis, escudo, spray de pimenta, é muita covardia”, desabafou.

Nos últimos dias, Arnaldo teria tido crises, ficava nervoso, mas a sobrinha garante que ele nunca feriu alguém. No dia do ocorrido, ele teria ficado mais agitado. “A família havia escondido objetos que pudessem causar lesão, mas ele tinha esse facão escondido, no início da noite ele pegou o facão entrou pro quarto, ligou o rádio e ficou lá no trancado”, explicou.

Depois, familiares pediram ajuda para levá-lo ao hospital devido a intensidade da crise. “Samu pediu ajuda para a PM, chegou uma viatura com dois policiais, entraram na casa pediram ele pra abrir, ele ficou muito nervoso, como era esperado na condição dele”.

Em poucos minutos, chegaram mais equipes. “Tudo tomado de polícia, muitas viaturas, muitos agentes tropa de choque com escudos, fuzil parecia filme de ação policial”.

Família alega falta de negociação

Para a família, além da falta de negociação, as medidas adotadas pela polícia acabaram piorando a situação. “Jogaram gás de pimenta para ele sair pra encher ele de bala”, disse a sobrinha ao lembrar que não houve preparo ou negociação por parte da polícia.

“O Samu chegou ao local às 19h38 e às 20h01 foi declarado o óbito, eles não deixaram a esposa entrar pra falar com ele, eles não tentaram negociar. Disseram que atiraram em legítima defesa, que não esperava que ele sairia do quarto com o facão em punho, o gás de pimenta foi agravante, pacientes esquizofrênicos não podem ser expostos a esse tipo de coisa”.

Ela também recorda que havia policiais com escudos no local. “Deveriam estar à frente, um facão não ia ultrapassar um escudo, ele era idoso, eles o derrubariam”.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública

A Secretaria da Segurança Pública reitera que o caso está sendo investigado pela 1ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP – Palmas), sendo que todos os policiais e socorristas do SAMU, envolvidos na ocorrência, já foram ouvidos. O delegado responsável aguarda a conclusão dos laudos cadavérico e de local de crime para finalizar o inquérito.

(Com informações do G1 Tocantins)

(Foto: Arquivo Pessoal)

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