CAPA
Pesquisa aponta que mais da metade dos tocantinenses de 25 anos ou mais não concluíram o ensino médio
O módulo de Educação da Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) revela que em 2019 mais da metade da população de 25 anos ou mais do Tocantins (55,8% ou 532 mil) não completaram a educação escolar básica, ou seja, não concluíram no mínimo o ensino médio. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou esse e outros resultados nesta quarta-feira, 15.
De acordo com a pesquisa, a proporção da população tocantinense com, pelo menos, o ensino médio completo, na faixa etária de 25 anos ou mais, foi de 29,3% (249 mil) e se manteve estável entre 2016 e 2019. O aumento em destaque foi no percentual de adultos com o ensino superior completo, que passou de 12,2%, em 2016, para 14,9% (142 mil), o que representa mais 37 mil graduados até o ano passado.
Com relação à cor ou raça, 30,2% dos brancos com 25 anos ou mais haviam completado, no mínimo, o ciclo básico, já entre os pretos ou pardos esse percentual foi de 29%. Entre as mulheres, 31% tinham alcançado, ao menos, o ensino médio completo e entre os homens, 27,5%.
Entre 2016 e 2019, o número médio de anos de estudos dos tocantinenses de 15 anos ou mais aumentou, passando de 8,6 para 9. Na faixa etária de 25 anos ou mais, a média de anos de estudos avançou de 8,1 para 8,6.
Taxa de escolarização
No Tocantins, no ano passado, 455 mil pessoas frequentavam alguma rede de ensino particular ou pública. A PNAD Contínua mostra que a taxa de escolarização total, que mede a proporção de pessoas na escola em relação ao total na faixa de idade, caiu entre 2016 e 2019, passando de 32,1% para 29,2%. Frente a 2018, o índice ficou estável.
Considerando a faixa etária de 15 a 17 anos, a pesquisa mostra que houve avanço na taxa de escolarização, saindo de 84,7% em 2016, para 90,6% em 2019. Por outro lado, no grupo de pessoas com 25 anos ou mais houve queda (de 4,7%, para 3,6%).
A taxa de escolarização das crianças de 0 a 5 anos chegou a 51,3%. Entre as crianças de 4 e 5 anos, faixa correspondente à pré-escola, a taxa foi de 92,8% em 2019, totalizando 45 mil crianças.
Já na faixa de idade de 6 a 14 anos, a universalização, desde 2016, já estava praticamente alcançada. Em 2019, o resultado foi de 99,4% de pessoas desse grupo na escola. Entre os jovens de 18 a 24 anos, o percentual foi de 32,1%, desde 2016 essa taxa se mantém estável.
Analfabetismo
Em 2019, havia no Tocantins 117 mil pessoas com 15 anos ou mais que não sabiam ler e escrever, o equivalente a uma taxa de analfabetismo de 9,7%. Em relação a 2018, essa taxa ficou estável. Entre pessoas brancas, 7,2% eram analfabetas, enquanto para as de cor preta ou parda a taxa chegou a 10,3%.
A pesquisa aponta que conforme aumenta a faixa etária, cresce também a proporção de analfabetos. Entre as pessoas de 18 anos ou mais, a taxa ficou em 10,4%. Na população tocantinense acima de 25 anos ela resultou em 12% e de 40 anos ou mais, 17,3%.
O analfabetismo concentrava-se, porém, no grupo acima de 60 anos, atingindo 32,4%, o equivalente a 71 mil idosos que não sabiam ler e escrever. Em relação a 2016, porém, houve queda, na média geral (39,3%) e em quase todas as variáveis (idosos pretos ou pardos, homens e mulheres). O índice só se manteve estável (25%), entre a população da terceira idade branca.
Série adequada
A PNAD Contínua revela ainda, pela taxa de frequência escolar líquida se a criança ou o jovem estão na série adequada. Na segunda etapa do nível fundamental (6º ao 9º ano), idealmente estabelecida para o grupo de 11 a 14 anos de idade, a taxa de frequência no Tocantins foi de 97,1%, ou seja, quase todas as crianças estavam na etapa correta de ensino.
Para os jovens de 15 a 17 anos, a taxa de frequência líquida era de 69,8%, em 2019. Pela meta do Plano Nacional da Educação (PNE), até 2024, 85% das pessoas com essa faixa etária devem estar no ensino médio. Já entre os jovens de 18 a 24 anos, apenas 22,2% cursavam a educação superior ou estavam formados.
Comparações regionais
Apesar dos avanços educacionais, os dados da pesquisa mostram as desigualdades regionais. A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais no Brasil ficou em 6,6% em 2019, o que corresponde a 11 milhões de pessoas. Mais da metade dos analfabetos (56,2% ou 6,2 milhões) viviam na região Nordeste e 21,7% (2,4 milhões de pessoas) viviam no Sudeste.
No país 51,2%, ou 69,5 milhões, da população de 25 anos ou mais não concluíram a educação básica. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, mais da metade das pessoas nessa faixa etária tinha o ensino médio completo. Por outro lado, no Nordeste 60,1% e no Norte 54,5% dos adultos não tinham completado essa etapa educacional.
Entre os estados, Alagoas tem a maior taxa de analfabetismo (17,1%) e Rio de Janeiro a menor proporção (2,1%). Já o Tocantins figurou em 11º no ranking. Em relação as pessoas de mais de 25 anos que não concluíram a educação básica, Piauí tem o maior percentual (65,3%), Distrito federal o menor (32,6%) e Tocantins o 14º. Apenas em seis Unidades da Federação (Amazonas, Amapá, São Paulo, Rio de Janeiro, Roraima e Distrito Federal), mais da metade da população nessa faixa tinha o ensino médio completo. (Wendy Almeida)