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Rio Lontra, que já deu nome à Araguaína, hoje pede socorro diante de tanta poluição

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O Rio Lontra é considerado o mais importante da região norte do Estado e também um dos cartões postais de Araguaína. A cidade, inclusive, já foi conhecida pelo nome de “Povoado Lontra”. Contudo, a poluição do local tem preocupado os ribeirinhos que denunciam todas as vezes em que se deparam com a mortandade dos peixes que fazem do local o seu habit.

Um dos moradores do Bairro JK, em Araguaína, e secretário da Associação “Os Guardiões do Rio Lontra”, Cleudimar Calaça da Silva, conversou com a equipe do Portal Araguaína Urgente e contou da sua indignação com o “descaso” da fiscalização.

“Há muitos anos que vivemos sofrendo com o descaso dos órgãos responsáveis pela fiscalização. Eles não colocam nenhuma lei mais rigorosa. Em 2016, a mortandade de peixe deixou os araguainenses muito tristes. Várias espécies de peixes morreram. Temos divulgado vídeos e fotos que comprovam a situação que o Rio Lontra passa. Ele já foi um rio navegável e que trazia mercadorias de Xambioá até o bairro JK e, hoje, ele está vivendo esse descaso total”, criticou o ribeirinho.
Ele contou que, por volta das 10 horas, dessa terça-feira, 10, a Usina Hidrelétrica Corujão fechou as comportas e o nível da água ficou muito baixo. “Algumas pessoas falaram que a mortandade agora deve ser em decorrência dessa ação. Eu sou morador dessa região há quase 40 anos e vi outras vezes o nível ficar igual ao de ontem e nunca houve mortandade de peixes igual. O nível da água ficou muito baixo mesmo. A BRK Ambiental jogou a água não tratada corretamente, achando que o nível estivesse alto, quando estava baixo e causando a falta de oxigênio para os peixes. É triste e lamentável a situação do Rio Lontra”, lamentou.

Ribeirinhos
De acordo com Silva, muitos ribeirinhos se alimentam e usam a água para fazer a irrigação de uma horta ou de alguma plantação. “Hoje, eles vivem constantemente com o transtorno da poluição. A água é muito escura. O local onde geralmente os peixes morrem fica próximo da rede de esgoto da empresa BRK Ambiental. Esse esgoto é despejado no rio. Já foi até comprovado; já tem ações contra essa empresa, já houve multas, mas eles recorrem. Não temos visto o agir das autoridades. Nem a reposição dos peixes que morreram nunca ocorreu”, reclamou o secretário.

Ele foi enfático ao afirmar que a situação é difícil. “Estamos vendo aos poucos o nosso rio se acabar, mas não vamos desistir dele. Estamos lutando para que algo venha se fazer. O Rio Lontra deságua no Rio Araguaia e ele sempre foi muito de peixe. O prejuízo é muito grande. Não vemos a manifestação dos nossos políticos com alguma ação rigorosa de combate. Tudo é muito triste. O que os órgãos ambientais estão esperando para tomar alguma providência?”, questionou o ribeirinho.

Condenação
A BRK Ambiental foi condenada por crime ambiental em ação penal proposta pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO). Segundo a sentença, a empresa manteve por vários anos uma conduta negligente e criminosa no córrego Lontra, em Araguaína, efluentes de uma estação de tratamento de esgoto fora dos parâmetros exigidos pela legislação ambiental.

A empresa foi condenada a pagar multa equivalente a 1.200 salários mínimos (cerca de R$ 1.056.000,00), tendo como parâmetro o valor do salário mínimo da época dos fatos. A sentença também impôs à empresa a obrigação de custear um programa de despoluição do Rio Lontra pelo período mínimo de nove anos.

O que informa a Prefeitura de Araguaína

A Prefeitura de Araguaína informa que está investigando a causa da mortandade dos peixes ocorrida no Rio Lontra na noite desta terça-feira, 10. De imediato, o município notificará a BRK Ambiental para apresentar as análises de qualidade do esgoto tratado, por meio da Estação de Tratamento de Esgoto Neblina (ETE Neblina), que é lançado no rio. Também irá comunicar ao Ministério Público Estadual (MPE/TO) e ao Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) sobre o fato.

Ressalta ainda que o órgão fiscalizador e licenciador dessa atividade da BRK é o Naturatins e que a fiscalização municipal ambiental está atuando em conjunto ao órgão estadual para garantir a preservação ambiental e a biodiversidade no município.

(Por Raimunda Costa)

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