O mormo ou lamparão é uma doença infectocontagiosa causada por bactéria que acomete com frequência em cavalos, asnos e mulas, mas podendo também ser contraída pelo homem pelo contato com animais infectados. No Estado, um caso da doença foi confirmado em um cavalo em uma propriedade rural, localizada na Ilha do Bananal. O primeiro caso de mormo no Tocantins surgiu em 2015 e o último registro de animal positivo foi em 22 de novembro de 2017.
Questionado sobre como o animal é infectado, o diretor de Defesa, Inspeção e Sanidade Animal da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), Márcio de Oliveira Rezende, disse que a doença ocorre no animal após o ingresso do microorganismo, principalmente, por via oral, mediante o consumo de água e alimentos contaminados.
O, também, veterinário lembrou que os animais confirmados positivos devem ser submetidos ao abate sanitário (eutanásia), no prazo máximo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação ao proprietário do animal, conforme a Instrução Normativa/Mapa nº 6, de 16 de janeiro de 2018.
Confira a íntegra da entrevista sobre a doença mormo concedida ao Portal Araguaína Urgente pelo diretor de Defesa, Inspeção e Sanidade Animal da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), veterinário Márcio de Oliveira Rezende.
Portal Araguaína Urgente: O que é mormo em cavalos?
Márcio Rezende: Mormo é uma doença infectocontagiosa, piogranulomatosa (caráter purulento), caracterizada por lesões respiratórias, linfáticas e cutâneas em equídeos (equinos, asininos e muares), causada pela bactéria Burkholderia mallei. Também é conhecido como: catarro de burro, catarro de mormo, lamparão, garrotilho atípico e cancro nasal.
Portal Araguaína Urgente: Como ocorre a doença no animal?
Márcio Rezende: A doença ocorre no animal de maneira hiperaguda, aguda ou crônica. A hiperaguda é incomum e os animais acometidos morrem rápido. Os animais com doença crônica podem se apresentar assintomáticos, ou mesmo com sinais clínicos brandos, embora possam acusar reações positivas nos testes de diagnóstico.
Portal Araguaína Urgente: Quais os sintomas do mormo no animal?
Márcio Rezende: Os principais sinais clínicos do mormo são representados por febre (41º C), úlceras e cicatrizes em mucosas, além de linfangite, intolerância a exercício ou atividade de trabalho, secreção nasal, dificuldade respiratória, perda de peso progressiva, diarreia e edemas. No entanto, sob o aspecto clínico, o mormo pode ser dividido nas manifestações nasal, pulmonar e cutânea, as quais podem ocorrer isolada ou simultaneamente no mesmo animal.
Portal Araguaína Urgente: Como o animal é infectado?
Márcio Rezende: A doença ocorre no animal após o ingresso do microorganismo, principalmente, por via oral, mediante o consumo de água e alimentos contaminados.
Portal Araguaína Urgente: Quais as formas de diagnosticar o mormo?
Márcio Rezende: O diagnóstico do mormo em equídeos (equinos, asininos e muares) é realizado com base em achados clínicos-epidemiológicos, apoiados em métodos sorológicos, microbiológicos e histopatológicos, bem como no imunodiagnóstico (maleinização). No entanto, o que está sendo realizado hoje é uma prova sorológica de triagem (Fixação de Complemento e para confirmar os casos positivos, a prova pelo Método de Western Blotting, que é a prova preconizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Portal Araguaína Urgente: Quem pode coletar amostras para diagnóstico do mormo?
Márcio Rezende: Médicos Veterinários habilitados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ou médicos veterinários do Serviço Oficial.
Portal Araguaína Urgente: Há testes disponíveis para o diagnosticar do mormo?
Márcio Rezende: Sim, teste de triagem – Fixação de Complemento; teste confirmatório – Prova pelo Método de Western Blotting. (Protocolo preconizado).
Portal Araguaína Urgente: Quais os fatores de risco associados à doença?
Márcio Rezende: O mormo é uma zoonose (acomete animais e humanos) grave de curso geralmente fatal em humanos. É uma doença de notificação obrigatória presente na Lista de Doenças de Notificação Obrigatória ao Serviço Veterinário Oficial da Instrução Normativa/MAPA nº 50, de 24 de setembro de 2013. Além disso, é de notificação compulsória para a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em virtude do impacto da doença em saúde animal e dos reflexos em saúde pública.
Portal Araguaína Urgente: Qual o destino dos animais infectados?
Márcio Rezende: Os animais confirmados positivos devem ser submetidos ao abate sanitário (eutanásia), no prazo máximo de 15 dias, a contar da notificação ao proprietário do animal, conforme a Instrução Normativa/Mapa nº 6, de 16 de janeiro de 2018.
Portal Araguaína: Porque o animal positivo deve ser sacrificado?
Márcio Rezende: É devido ao tratamento de equídeos com mormo ser contraindicado, em razão da viabilidade intracelular do microorganismo em fagócitos e da dificuldade apresentada pelos antimicrobianos em alcançar concentrações terapêuticas no interior dos focos piogranulomatosos (granulomas com pus), além dos riscos de transmissão do patógeno de equídeos para humanos ou mesmo para outros animais do plantel, que mantenham contato com animais infectados.
Portal Araguaína Urgente: De que forma a doença pode ser transmitida para o homem?
Márcio Rezende: A infecção humana ocorre por contato com secreções e úlceras cutâneas de animais doentes, bem como por meio de objetos contaminados. A entrada do microorganismo no ser humano se dá por vias mucosas ou conjuntivas.
Portal Araguaína Urgente: Quais os principais indicativos de mormo no homem e como tratar?
Márcio Rezende: As manifestações clínicas são similares às observadas em equídeos, representadas por tosse, dispneia, abscessos em órgãos (fígado e baço) e, menos frequentemente, lesões cutâneas e dos vasos linfáticos. Para o tratamento em humanos, o Serviço Veterinário Oficial orienta que as pessoas que mantiverem contato com animais suspeitos ou positivos devem procurar os serviços de saúde pública com urgência.
(Por Raimunda Costa)
