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Prolapso uterino em vacas leiteiras acontece em torno de 5% das raças em produção, diz veterinário

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O prolapso uterino em vacas leiteiras é comum. O especialista em produção e reprodução de bovinos de corte e leite e em cirurgia de grandes animais, Antônio Carlos de Oliveira Ferro, disse que uma das causas da enfermidade são partos distorcidos (dificuldade de parto) e partos gemelares (gêmeos) aumentando o volume do útero.

Questionado se a enfermidade, quando não tratada, pode levar a perda da vida do animal, o veterinário explicou. “Quando não tratado de imediato o útero; pelo volume, grande fluxo sanguíneo, presença de poeira, raios solares, moscas, pássaros carnívoros, cães que podem danificar a mucosa comprometendo a integridade do animal, este irá a óbito. Não há como sobreviver se não for feita uma redução uterina”, disse.

Leia a entrevista sobre o prolapso uterino em vacas leiteiras concedida ao Portal Araguaína Urgente pelo veterinário e especialista em produção e reprodução de bovinos de corte e leite e em cirurgia de grandes animais, Antônio Carlos de Oliveira Ferro.

Portal Araguaína Urgente: O prolapso uterino em vacas leiteiras é comum e acontece quando uma parte do aparelho reprodutivo é projetado pela vagina geralmente acontece após o parto. Quais as principais causas do prolapso uterino em vacas?Antônio Ferro: O prolapso uterino, que é o deslocamento do útero de sua posição normal para o exterior, logo após o parto, acontece quando o ligamento largo do útero que une o órgão a parede dorsal do abdômen sofre um processo de enfraquecimento (relaxamento), com o aumento das contrações uterinas e relaxamento do canal vaginal durante o parto, haverá a expulsão do útero para o exterior. Não existe uma causa específica por ser uma enfermidade que acontece em torno de 5% das raças em produção independente de raça, idade, fatores genéticos, etc. As causas estão associadas a fatores predisponentes.

Portal Araguaína Urgente: Quais os fatores que predispõem esta ocorrência?Antônio Ferro: Como sabemos que não há causas específicas, pois acomete tanto primíparas como multíparas, tanto vacas de corte como de leite, acontece em todas as raças; temos fatores que predispõem as vacas a esta enfermidade:

– Partos distórcicos (dificuldade de parto) e partos gemelares (gêmeos) aumentando o volume do útero;

– Altos índices de ocitocina na corrente sanguínea durante o trabalho de parto ocasionando excesso de contrações uterinas;
– Hipocalcemia devido a uma queda nos níveis de cálcio na corrente ocasionado pelo início da lactação;

– Retenção placentária com consequente infecção uterina;

– Obesidade e desbalanceamento alimentar no período de gestação ocorrendo obesidade na vaca.

Portal Araguaína Urgente: O prolapso uterino pode ser prevenido? Se, sim, como?Antônio Ferro: A prevenção deverá corrigir alguns fatores predisponentes, tais como:

– Controlar os níveis de cálcio sanguíneo evitando hipocalcemia através de uma ração balanceada, principalmente em vacas leiteiras;

– Controle na dieta alimentar destas vacas, evitando animais obesos no momento da parição;

– Não aplicar fármaco para aumentar as contrações uterinas no momento do parto (ocitocina), prática bastante comum entre os criadores;

– Em regiões que há trevo estrogênico, evitar que as vacas prenhas alimentem-se desta forragem.

Portal Araguaína Urgente: Quando não tratado podem levar à perda da vida do animal?Antônio Ferro: Quando não tratado de imediato o útero; pelo volume, grande fluxo sanguíneo, presença de poeira, raios solares, moscas, pássaros carnívoros, cães que podem danificar a mucosa comprometendo a integridade do animal, este irá a óbito. Não há como sobreviver se não for feito uma redução uterina. A mucosa do endométrio encontra-se exposta com as carúnculas uterina.

Portal Araguaína Urgente: Sobre prolapso uterino em vacas, quais as técnicas cirúrgicas?Antônio Ferro: Basicamente só há uma técnica cirúrgica capaz de resolver o problema de prolapso que é a redução uterina. Por ser um órgão bastante grande e muito irrigado, indispensável para a continuidade da vida reprodutiva da matriz, não recomendamos a Histerectomia. Fazemos todo o processo de assepsia no útero e recolocamos de volta em sua posição topográfica na cavidade pélvica. Chamamos este procedimento de redução uterina.

Portal Araguaína Urgente: Quais os cuidados com o procedimento?
Antônio Ferro: Quando há prolapso, muitas vezes o animal encontra-se debilitado por ter feito muito esforço durante o parto, carência de cálcio chegando muitas vezes a um quadro de paresia puerperal (febre vitular), encontrar-se magra a ponto de não ter forças para levantar e permanecer deitada onde todo conteúdo estará em contato com o solo, lama, talos de madeira chegando a perfurar o útero. Nestes e em todo caso de prolapso uterino, a rapidez na higienização e tomada das medidas cabíveis em casos de hemorragias são fundamentais para o restabelecimento do animal.

Portal Araguaína Urgente: Pode ocorrer infecção durante o tratamento?Antônio Ferro: A infecção é mais comum devido à contaminação sofrida pelo contato do útero com o solo. Os cuidados de assepsia devem ser os melhores possíveis antes de ser feita a redução. Como trabalhamos a nível de campo, após a assepsia uterina, passa-se uma solução bactericida no útero para fazer-se a redução. Devemos entrar com um tratamento com um antibiótico de largo espectro e longa ação associado a um anti-inflamatório não hormonal.

Portal Araguaína Urgente: As vacas que passaram por prolapso uterino podem voltar a emprenhar?Antônio Ferro: Quando bem tratadas, as vacas não terão uma queda significativa em sua fertilidade podendo voltar a emprenhar normalmente. Quando não fazemos uma boa assepsia uterina e não fazemos um tratamento adequado, consequentemente teremos uma infecção uterina seguido de uma endometrite severa seguida de uma piometra, comprometendo toda vida reprodutiva da matriz.

Portal Araguaína Urgente: A lucratividade do rebanho bovino é garantida também por uma eficiência reprodutiva. Quando o prolapso uterino acontece diminui a função reprodutora?
Antônio Ferro: Normalmente só recomendo este animal no plantel quando ele tem um alto valor genético e é muito produtivo; caso contrário, quando se trata de um animal de baixo valor financeiro, recomendo o descarte pois nos próximos partos poderemos ter casos de recidivas. Quando mantido no plantel haverá um atraso aumentando o período de serviço e de intervalo entre partos, redução no período de lactação e menor produção de bezerros por ano durante a vida útil.

(Por Raimunda Costa)

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